Fantástico divulga testes do Inmetro em marcas de Whey – Resposta do Setor Regulado
No último domingo, dia 24 de agosto de 2014, o Programa do Fantástico veiculou matéria sobre as análises pelo INMETRO de 15 marcas de Whey Protein, produto principalmente consumido por atletas e praticantes de atividade física.
No início da matéria a Dra. Monica Dalmacio esclarece uma dúvida importante de muitos consumidores, destacando as diferenças entre os suplementos protéicos e os esteróides anabolizantes: “Whey protein é um suplemento derivado do soro do leite. E ali no soro do leite você tem uma grande quantidade de proteínas, aminoácidos diversos. Os anabolizantes são produtos derivados de hormônios sintéticos. Ou seja, da testosterona, do hormônio masculino”.
Acrescentamos que este soro é obtido na produção de queijo, quando há a separação entre a parte sólida e a parte líquida do leite, sendo esta a base para extração do whey protein que pode ser produzido na forma concentrada (quando há presença in natura de carboidratos) ou isolada (quando os níveis de concentração protéicos ultrapassam os 90% e há baixo índice de lactose).
A matéria prima whey protein ou lacto albumina (nome científico da whey) tem coloração e aroma similares ao leite e é largamente utilizada em fórmulas de suplementos alimentares infantis e para idosos, devido a seu poder benéfico a saúde e adicionada em massas, sorvetes e iogurtes.
Os suplementos específicos a base de Whey Protein, são classificados na legislação brasileira como Suplemento Protéicos para Atletas, regidos pela RDC ANVISA nº18/2010, e tem o objetivo de complementar as necessidades protéicas, especialmente formulados para auxiliar os atletas a atender suas necessidades nutricionais específicas. A escolha do Whey como principal matéria prima destes produtos dá-se pelo alto valor biológico desta fonte de proteínas, excelente perfil de aminoácidos e inúmeros benefícios relatados na literatura, relacionados ao seu consumo.
Além dos benéficios, trata-se de um produto comprovadamente seguro ao consumo que, diferente do que foi alertado na matéria veiculada, não possui nenhuma relação com riscos e lesões hepáticas e renais, nao havendo na literatura científica mundial nenhuma comprovação de tais diagnósticos relacionados a estas doenças.
Como qualquer outro alimento, ele deve ser consumido sem excesso, por qualquer indivíduo saudável, não necessariamente praticante de atividade física, porém, que deseje ou necessite complementar sua dieta com uma proteína de boa qualidade, baixa em gordura saturada e carboidratos.
Deste modo, ressaltamos que a pesquisa do INMETRO foi muito positiva, afastando as dúvidas geradas com denúncias veiculadas no passado, sobre a inadequação dos produtos desta categoria quanto ao seu objetivo principal, que é o fornecimento de Proteína. AS ANÁLISES VERIFICARAM QUE QUANTO AO VALOR DE PROTEÍNAS, 13 EMPRESAS ESTAVAM ADEQUADAS AOS VALORES DESCRITOS NO RÓTULO.
Outro ponto que nos chama a atenção na matéria veiculada é o número alto de empresas que apresentaram inconformidade com o valor de carboidrato verificados, frente ao valor declarado em rótulo.
É importante lembrar que o carboidrato que se encontra nos suplementos protéicos a base de whey, dificilmente foram adicionados na formulação, sendo normalmente resíduos do processo de obtenção da proteína do soro do leite. O leite é composto por dois grandes grupos de proteínas, as CASEINAS e as PROTEINAS DO SORO (o WHEY). Além de proteínas, o leite possui gordura, carboidrato, vitaminas e minerais. O processo de obtenção do Whey varia, podendo obter produtos mais ou menos puros, sendo os mais puros, aqueles que conseguem excluir por completo os demais nutrientes (gordura e carboidrato), que são conhecidos no mercado como WHEY ISOLADO.
Os produtos analisados pelo INMETRO tratam-se de produtos a base do que conhecemos como WHEY CONCENTRADO. Estes, normalmente são produtos que conseguem ter até 80% de proteínas, sendo os demais 20% distribuídos entre gorduras, carboidratos e cinzas. Estes resíduos não geram nenhum risco à saúde para pessoas saudáveis, e suas variações nas matérias-primas acontecem normalmente, devido à diversos fatores naturais como: genética, momento fisiológico da vaca, grau de maturidade do pasto, formulação da ração, etc.
Assim, como padrão, as empresas que produzem o WHEY, com intuito de não adicionar nutrientes não oriundos naturalmente do leite, usam como parâmetro de especificação da matéria-prima, apenas a concentração do seu principal nutriente, aquele que é o motivo de existir do produto, que é a concentração de proteínas.
É por este motivo que as diferenças de carboidratos e gorduras podem acontecer normalmente em produtos a base de WHEY CONCENTRADO, sem que isto prejudique a qualidade do produto. Esta variação é normal, e prevista em lei, sendo aceita uma diferença de até 20% para cima ou para baixo.
Contudo, as análises ainda assim, verificaram valores que divergem em mais de 20% do valor declarado para carboidratos, mesmo nos produtos onde as proteínas estão em valores adequados aos descritos no rótulo. Como explicar?
Além da variação inerente aos Wheys, já explicada acima, o INMETRO decidiu utilizar uma metodologia de análise diferente da metodologia imposta pela legislação brasileira, à qual as empresas são obrigadas a seguir (RDC ANVISA nº360/2003 – Regulamento técnico sobre a rotulagem nutricional de alimentos embalados).
Ou seja, o método do INMETRO quantifica diretamente o carboidrato na amostra, enquanto o método exigido pele lei brasileira, pede que o carboidrato seja calculado, sendo que o valor será resultado do tamanho da porção, subtraído das proteínas, das gorduras, da umidade e das cinzas. Se não fosse pela umidade e cinzas que não são descritas na tabela nutricional de produtos brasileiros, seria fácil verificar em um rótulo como fazer o cálculo do carboidrato.
Infelizmente, neste processo de cálculo, qualquer arredondamento ou diferença que se encontre em um dos itens (proteína, gordura, umidade e/ou cinzas), vai levar a um resultado errado do carboidrato. Acreditamos que este seja o motivo da escolha do Inmetro, ao usar um método de análise direto.
Apesar da análise direta ser um método de melhor precisão, ele não poderia ser utilizado pra comparar com os dizeres de rotulagem, os quais, como já comentado, OBRIGATORIAMENTE DEVEM SER OBTIDOS PELO MÉTODO DE CÁLCULO.
Ainda, é importante lembrar que os produtos a base de WHEY possuem como principal nutriente a proteína. Neste sentido, algumas marcas apresentam valores muito pequenos de carboidratos na porção.
A variação de 1g em uma porção de 36g pode representar uma variação de mais de 100% do valor declarado de carboidrato, mas representa apenas 2,7% da porção. Ou seja, para ingredientes que se encontram em baixa concentração, qualquer variação é alta em porcentagem, mas não tem significância importante em termos de qualidade do produto.
ASSIM, SOMANDO-SE OS TRÊS FATORES DESCRITOS ACIMA, COMUNS AOS PRODUTOS A BASE DE WHEY PROTEIN, FICA FÁCIL COMPREENDER O PORQUE DOS RESULTADOS DIVERGENTES ENCONTRADOS PELO INMETRO.
Vale ressaltar ainda, que apesar de não destacado na matéria veiculada, o relatório do estudo esclarece que das 11 marcas não conformes, 6 (mais de 50%) apresentaram valores inferiores de carboidratos!
É claro que isto ainda é uma divergência do valor descrito em rótulo, contudo, mostra que em momento algum as empresas tiveram o interesse em prejudicar o consumidor, ou diminuir a qualidade do produto ofertado no mercado.
O último ponto que gostaríamos de esclarecer e tranqüilizar os consumidores dos suplementos protéicos para atletas, é em relação a presença de substâncias não declaradas na rotulagem.
O INMETRO ENCONTROU A PRESENÇA DE CAFEÍNA EM 6 MARCAS AVALIADAS.
Em relatório enviado ao Inmetro anteriormente, a ABENUTRI demonstrou que a concentração de cafeína encontrada nos produtos (que variam de 1,0 a 2,6mg) é compatível com a concentração de cafeína presente em um dos ingredientes dos produtos avaliados, devidamente descritos na rotulagem, que é o CACAU.
Infelizmente, a legislação brasileira não permite que a indústria descreva a concentração de cafeína no produto, quando a mesma não é adicionada em sua forma isolada. Caso contrario, produtos como refrigerantes de cola e guaraná, achocolatados em pó, ou o próprio café solúvel, deveria descrever a concentração de cafeína na tabela nutricional.
Em reunião com a ANVISA, o órgão que regulamenta os alimentos no Brasil, foi esclarecido às empresas que as mesmas NAO PODEM DESCREVER A CONCENTRACAO DE CAFEÍNA NO RÓTULO DOS PRODUTOS, quando a mesma é oriunda de fonte natural.
Sendo assim, a ABENUTRI (Associação Brasileira de Empresas de Nutrição Esportiva) entende e apela para que todo e qualquer tipo de testes realizados em suplementos alimentares e apresentados nos veículos de mídia, devem ser regidos sob a ótica do bom senso e de uma análise mais didática e assertiva, para evitar desorientaçao aos consumidores que necessitam de informações claras e fidedignas.